Fundação Maurício Grabois realiza Seminário e lança seção no Vale do São Francisco
- Mariana Silva
- 24 de nov.
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A seção baiana da Fundação Maurício Grabois realizou na cidade de Juazeiro, norte da Bahia, no Auditório da Secretaria Municipal de Educação, nos dias 21 e 22 de novembro, o Seminário “100 anos de Clóvis Moura – Legado e atualidade”. Além do aspecto político, o evento em Juazeiro teve um papel simbólico, já que Clóvis Moura morou na cidade durante uma parte da sua juventude e deixou raízes no local. Foi lá que ele fez os primeiros contatos como Partido Comunista, contribuiu na organização dos trabalhadores da navegação, editou um jornal e começou a escrever sua obra icônica “Rebeliões da Senzala”.
O Seminário, organizado em parceria com a UNEGRO e com o apoio da UNEB, contou com a participação dos professores Alex Reis (UNEGRO), Denis de Oliveira (USP), Nilton de Almeida Araujo Fábio Nogueira e Ricardo Moreno, todos os últimos da UNEB. Apoiaram e participaram também do evento o Deputado Estadual Zó (PCdoB), professores e militantes antirracistas.
O evento retomou o debate, já iniciado em outros Seminários realizados em Salvador e em outras cidades, sobre a importância de Clóvis para a formação de um pensamento avançado e coerente sobre a participação do negro na construção da nação brasileira. Tendo como referência o método de análise do marxismo e com base em pesquisas aprofundadas sobre a conformação de classes do Brasil escravocrata e sobre as rebeliões, quilombos e movimentos antiescravidão, Clóvis Moura lança um olhar crítico sobre a história e a ideologia, aceitas até então, de passividade do negro durante a escravidão e sobre a existência da democracia racial no Brasil.
Clóvis Moura foi o primeiro pesquisador brasileiro a levantar o debate sobre o racismo como elemento estrutural para a formação do capitalismo no Brasil e para a construção e funcionamentos das estruturas do Estado brasileiro.
Mesmo diante da complexidade que a sociedade brasileira adquiriu, o legado de Clóvis permanece atual para compreender o racismo como uma ideologia que justifica e naturaliza as desigualdades, a violência policial, a violência simbólica e a discriminação que atingem a população afrodescendente. As discussões demonstram que Clóvis Moura segue sendo um dos principais intérpretes do Brasil.
Fundação organiza seção no Vale do São Francisco
Durante o Seminário a Coordenação baiana da Fundação Maurício Grabois anunciou a formação de uma Coordenação regional da entidade, inicialmente composta de seis membros, sob a direção da professora Queila Patrícia. A primeiro desafio é ampliar a direção, incorporando pesquisadores, professores e intelectuais de Juazeiro e outras cidades da região. A Coordenação tem ainda a tarefa de realizar um planejamento regional, com definição de prioridades, e uma agenda de eventos.
O presidente da Fundação Maurício Grabois, seção Bahia, Everaldo Augusto, esteve presente no Seminário e considera que “A Fundação contribuirá com o debate e a produção de alternativas e respostas para temas importantíssimos na região como as novas vocações econômicas regionais, políticas públicas e, sobretudo, no estudo da cultura popular das populações às margens do Rio São Francisco, de onde surgem temas e artistas de importância e expressão nacional. Sem dúvidas, a cultura desta região é uma matriz importante, dentre outras, para a cultura baiana e nordestina”.












